quinta-feira, 30 de junho de 2011

FÁTIMA É A PRINCIPAL SUSPEITA


O Detetive Arnaldo está interrogando todos aqueles que eram próximos de Odete (Beatriz Segall) e quer saber as informações de praxe. Mas uma informação preciosa deixa o policial com a pulga atrás da orelha. Fátima (Glória Pires) foi a última pessoa a ser vista no prédio. Viram a filha de Raquel (Regina Duarte) entrar, mas não sair.

O Detetive acha que é possível a ex-nora de Odete ter permanecido no local até a hora do crime. A fama de Fátima não é das melhores, ainda mais quando Afonso (Cássio Gabus Mendes) revela que sua ex-mulher deve ter ido ao apartamento atrás do amante César Ribeiro (Carlos Alberto Riccelli).

Outras pessoas são interrogadas. Helena (Renata Sorrah) foi a um bar e saiu na hora do crime e tinha motivos para odiar sua mãe depois de descobrir que não foi responsável pela morte do irmão. Mas para o detetive, o cheiro de culpa vem mesmo de Maria de Fátima. 


UM NOVO AMOR PARA LAÍS

Laís (Cristina Prochaska) está sozinha desde que Cecília (Lala Deheinzelin) morreu num acidente de carro. Às vezes reclama da solidão, mas parece que os dias de solteirice estão contados. A bela Marília (Bia Seidl) se hospeda em sua pousada e vai rolar um clima entre as duas. 

Assista o Capítulo 193 exibido nesta quarta-feira

MOMENTO INESQUECÍVEL DE ATRIZ


Meus pêsames. Como todos que têm televisão sabem, faleceu ontem nesta Cidade a senhora Odete Roitman. Assunto bem mais noticiado do que o pacto social, a hiperinflação, o terremoto de Angra, a classificação do Flamengo para o remoto final da Copa União, a interminável greve da Prefeitura do Rio de Janeiro e as continuadas mortes no samba. Uma ficção que ganhou longe da realidade.

Por obra e graça de uma boa história, foi um golpe de mestres a criação de uma vilã fina, capaz de dizer muitas verdades sobre o Brasil sem comprometer o patriotismo de autores e mocinhos, e de outra deslumbrante interpretação de Beatriz Segall, que soube sempre dar a seu personagem o tom justo de maldade, afetação e algumas tintas emocionais. Continuo achando uma solução simples demais o assassinato da figura, com a conseqüente banalização da trama e, pecado máximo, o desaparecimento, nem que seja por poucos capítulos, de uma das melhores atrizes de Vale Tudo. Todos a queriam até o fim.

Pois virou até adjetivo. Conheço uma senhora que se arrumou toda e finíssima, e muito bem produzida foi esperar sua carona numa rua de Copacabana. Três pivetinhos ficaram assombrados com a elegância dela. Sem a agressividade de um assalto, rodearam bem a figura, e um deles exclamou, num misto de xingamento e admiração: Odete Roitman!

É a glória. Mesmo sendo passageira é consagradora para os autores e, principalmente, para a atriz que a interpretou. Não sei quanto ganha Beatriz Segall, mas merecia o melhor salário da Rede Globo pela humanidade fornecida a um personagem-chavão, que por sua obra e graça virou gente.

Algumas fazem restrições a Beatriz Segall, afirmando ser ela atriz de uma nota só. Especialista em mulheres elegantes e más. Não concordo com estas afirmações. É lógico que seu tipo físico, como acontece com qualquer intérprete, limite seu raio de ação. Ela realmente não convence como mulher do povo por suas feições finas e natural elegância. Mas não lhe cabe culpa pelo fracasso do ingrato papel de mãe da Carmem em recente novela da Manchete. Ninguém poderia salvar papel de tamanha inconsistência.

Quando tem alma, ela se sai muito bem. Acho deslumbrante sua interpretação na peça teatral O Manifesto, junto a um igualmente exato Cláudio Correa e Castro. Em televisão não deixou traço sua estréia em Angústia de Amar, na Tupi, na qual os personagens principais eram Aracy Balabanian e o estreante Cecil Thiré. Mas na Globo se fez notar. Principalmente em Água Viva, numa Lourdes Mesquita que também fez história.

Não foi aprovada para fazer a Stela Simpson, trocou com Tônia Carrero e ambas brilharam. Não teve grandes oportunidades na Bandeirantes, e nos últimos folhetins da líder. Até Odete Roitman. Seu nome ficou mais conhecido do que o da história. Com justiça, pois foi nela que o povo melhor reconheceu o retrato mais perfeito e acabado da elite brasileira. Um momento inesquecível de atriz.

Por Maria Helena Dutra
Jornal O Dia
25/12/1988

quarta-feira, 29 de junho de 2011

ENGANO MATA A VILÃ ODETE

A jornalista Tânia Neves, escreveu esta matéria para o jornal O Globo no dia 23/12/1988, data anunciada como o dia da morte de Odete (que aconteceria no dia seguinte para garantir dois dias de poderosa audiência).
Na matéria, a sagaz jornalista já tinha suposições reais da identidade do assassino (ou assassina). Vale a pena ler.

Amanhã, a milionária Odete Roitman de "Vale tudo" será assassinada. A partir de então e até o dia 6 de janeiro, quando será gravado e apresentado o último capitulo, o telespectador ficará sem saber quem é o assassino. Entre as possibilidades que restaram — depois de gravadas as cenas que livram de suspeitas Fátima e César, e diante do final feliz que está reservado a quase todos os personagens —, seriam apenas quatro os suspeitos: Freitas e Dayse, que foram presos; e Marco Aurélio e Leila, que fugiram do Brasil. Como dificilmente personagens secundários feito a Dayse e o Freitas receberiam dos autores da novela a importante missão de matar a vilã, sobraram Marco Aurélio e Leila. As evidências contra o primeiro são maiores, mas Leila tem tudo para ser a assassina-surpresa. Neste caso, a morte teria sido um grande engano.

No dia do crime, Odete fora desmascarada pela ex-empregada Rute diante de toda a família, interrompendo uma reunião da TCA na qual ela provavelmente diria a Marco Aurélio que já sabia de suas falcatruas. Mais tarde, Marco procura Odete no apartamento dela, levando dentro da pasta documentos e seu revólver. Enquanto conversa com Odete e tenta convencê-la de que conseguiu para a TCA um contrato bastante vantajoso, a arma fica ao lado da pasta. Odete diz a ele que sabe que aquele contrato é falso. Marco fica zonzo e quer saber o que Odete fará contra ele. A cena termina com Marco bem próximo da arma.

Num dos últimos capítulos, entra um flash-back do que aconteceu na rua no momento em que a Polícia chegou ao prédio de Odete: Marco Aurélio esta lá, próximo das pessoas que comentam detalhes sobre o assassinato. Ele fica sabendo que o porteiro viu Fátima entrar e não a viu sair, sendo esta a principal pista para desvendar o crime. Vendo César se esgueirar entre os carros per to dali, Marco Aurélio o aborda e sugere que ele estaria saindo do apartamento de Odete. César nega, mas Marco Aurélio insiste e o convence a colaborar com ele, acusando Fátima.

Por que Marco Aurélio quereria acusar Fátima, se ele tinha visto justamente César perto do local do crime? Porque o porteiro acusaria Fátima, e não César. E Marco Aurélio admitiu diante de César que precisava proteger uma determinada pessoa. Se ele acusasse César, o aproveitador poderia conseguir provar sua inocência e isso atrapalharia seus planos. Seria Tiago a tal pessoa a proteger? Talvez. Mas, quando no último capítulo, Fátima trava um diálogo — a princípio incompreensível — com Poliana, fica claro que não é Tiago o assassino, mas Leila. Eis o diálogo:

- FÁTIMA — Mas logo eu? Por que Poliana? Essa mulher só pode ser maluca, onde é que já se viu?

- POLIANA — Se você acha isso mesmo, Fátima, é porque você ainda tem muito o que aprender, sabe?...

O diálogo não se casa com nenhuma outra possibilidade, a não ser a seguinte: Fátima chocada ao saber que era ela o alvo de Leila, que matou Odete por engano. A traída Leila teria ido ao apartamento de Odete porque sabia que Fátima estava lá, e sua intenção era se vingar da amigada-onça que tentou roubar-lhe o marido. Ao ver o vulto de Odete atrás de uma porta interna do apartamento, Leila pensou que era Fátima e atirou É totalmente contra a moral das novelas que uma traição qualquer não seja descoberta e vingada. Esta foi, talvez, a falha maior dos autores: tentar esconder de todos a autoria do crime e deixar não resolvida essa questão. Resultado: logo se associa uma coisa à outra. Além de tudo Marco Aurélio e Leila mentem que ela chegou ao Rio, de volta de Itaipava, no dia seguinte ao crime, quando a volta foi no mesmo dia. Ai o leitor se pergunta: mas não seria o próprio Marco Aurélio o assassino? Provavelmente não. Quando César, ao ser chantageado por ele, lança essa possibilidade, Marco Aurélio é taxativo: "se eu tivesse mesmo matado, perderia a oportunidade de contar isso para você, única pessoa que não poderia fazer nada contra mim?".

Marco Aurélio dá dinheiro e passagem aérea para Fátima fugir para Buenos Aires e imediatamente avisa o delegado Arnaldo de que ela está indo para o aeroporto. Arnaldo e o detetive Veiga pegam a moça com a boca na botija. Só que quem matou Odete foi Leila, que tranqüilamente vai conseguir fugir com Marco Aurélio em seu jatinho particular, levando junto o filho Bruno.

Este é um final logicamente deduzido a partir do script da novela que foi entregue à imprensa. Como os próprios autores ameaçaram modificar o final caso fosse revelada antecipadamente a identidade do assassino, não é certo que você veja essa versão na sua TV. Afinal, vale tudo.

Por Tânia Neves
Jornal O Globo
23/12/1988


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Assista o Capítulo 192 exibido nesta terça-feira

terça-feira, 28 de junho de 2011

ERRAMOS!

Segundo o roteiro do capítulo 192, Odete Roitman seria assassinada neste capítulo. 
Mas realmente, contrariando até o Memória Globo, a edição do capitulo que foi exibido no dia 23 de dezembro deixou a morte para 24 de Dezembro.
Aqui no blog, houve uma confusão das datas. Ela morre no 193.


Pedimos desculpas.

O ÚLTIMO DIA DE ODETE


Daqui a poucas horas, os fieis espectadores de "Vale Tudo" deixarão de conviver com um dos principais personagens da novela de maior audiência no Brasil. Odete Roitman, a arrogante proprietária da TCA, será assassinada hoje, com três tiros. E pelo menos cinco milhões de cariocas e sete milhões de paulistas — 80 por cento da audiência — deixarão de lado as últimas providências da ceia de Natal, para acompanhar os últimos lances de sua vida.

Para quem iniciou a trajetória com os tradicionais 50 por cento registrados no horário nobre, a empresária da TCA morre vitoriosa. Em evidência ainda maior que a de sua jovem rival, Maria de Fátima (Glória Pires) — hoje estrela de anúncios da Caixa Econômica Federal —, Odete ainda ontem brilhava nas páginas dos jornais, sorridente e elegante, em reclame do Comitê de Divulgação Institucional do Seguro (Codiseg). E parecia adivinhar o seu próprio futuro: "A gente nunca sabe o dia de amanhã" — anunciava ela.

Nos últimos momentos de sua vida, Odete parece alheia às intenções de seus inimigos. E como gosta de dormir até tarde, provavelmente passará das 11h na cama, enrolada em seus delicados lençóis Calfat.

Só depois de tomar um bom banho e escovar os dentes com a pasta Kolynos, talvez ela saia para fazer as comprinhas de última hora. Mas durante o resto do dia, certamente estará cuidando de seu apartamento em Ipanema, para receber as únicas visitas certas esta noite de Natal: os dois filhos que virão de São Paulo. Antes da ceia, porém, a atriz Beatriz Segall não deixará de ligar a TV para ver o assassinato de Odete Roitman — a vilã que encarnou tão bem nos últimos meses.

Enquanto isso, lá fora, seus inimigos estarão se mexendo. E difícil imaginar o que passa pela cabeça de César (Carlos Alberto Riccelli) Marco Aurélio (Reginaldo Farias) Leila (Cássia Kiss) ou Fátima, nesta véspera de Natal. Eles podem não ter qualquer intenção de usar um revólver contra a empresária, mas o fato é que terão motivos para fugir.

A Rede Globo na noite de quinta-feira, providenciou as gravações dos últimos capítulos de "Vale Tudo", no Aeroporto Santos Dumont. César entregou um punhado de dólares ao piloto de um mal conservado Seneca II, lançou um último olhar tristonho à paisagem carioca e embarcou. Minutos depois, foi a vez de Marco Aurélio e Leila, que levaram Bruno (Danton Mello) a tiracolo. Eles escaparam no jatinho da família — um Learjet —, após as despedidas de Bartolomeu (Cláudio Correa e Castro) e Eunice (Iris Bruzzi). Ao contrário de César, Marco Aurélio não demonstrou qualquer sinal de melancolia, ao deixar o País. Pouco antes de entrar no avião, presenteou brasileiros e brasileiras com uma debochada "banana".

Mas se Odete nem desconfia deste futuro, Beatriz, pelo menos hoje, está a léguas de distância de cenas como estas. Cansada do ritmo acelerado de trabalho e do assédio da imprensa, a atriz tem rejeitado a idéia de fotos e entrevistas sobre sua personagem. Seus amigos, porém, revelaram como será o dia de Madame Segall.

Refinada, ela teve, nos últimos meses, uma idéia típica de Odete Roitman: pensou em passar o Natal em Paris. Mas foi só uma idéia, porque o compromisso com a gravação dos capítulos finais da novela não permitiria viagens neste momento.

Dedicando-se à produção da peçaa "Lilian" — que estrelará no próximo ano — e ainda se preparando para mudar de endereço, Beatriz não tem tido muito tempo disponível. Por isso, é provável que tenha deixado para hoje as compras de Natal.

Andar pelas ruas do Rio não é problema, pois a atriz não costuma ser importunada pelos fãs cariocas. Um adeusinho aqui, um autógrafo ali, e é tudo. Normalmente, ela só teme sair em São Paulo, onde já foi obrigada a desistir das compras num conhecido shopping center, tal a chateação provocada pelos curiosos.

Durante o dia, o apartamento será cuidadosamente preparado para receber os filhos Sérgio Toledo e Paulo Segall — o terceiro filho, Mário Lasar Segall, mora em Londres — e tal vez uns dois ou três amigos, no máximo. Mas no fim do dia. Beatriz com certeza vai interromper suas tarefas; para trancar-se sozinha, e assistir à morte de Odete na TV. A solidão é fundamental, pois a atriz não pretende ser interrompida pelos comentários. É assim que ela gosta de assistir aos capítulos de "Vale tudo".


Morta Odete, Beatriz se juntará aos filhos e amigos e terá uma noite bem agradável, ao som de música clássica e boa conversa. Na mesa, provavelmente os tradicionais peru e presunto, cerveja e vinho francês.

Beatriz certamente fará alguma comemoração. Mas não lhe ocorre brindar à morte de Odete Roitman.

À ESPERA DOS TIROS - Peru, bacalhau e um 'cadáver'

- "No exato momento em que Odete Roitmann for assassinada, estarei voando para Aruba, nas Antilhas. Vou passar o Natal e o Ano Novo por lá. Mas também estou muito curioso para ver a morte desta supervilã. Vou deixar o videocassete programado para gravar o capítulo e ver tudo quando chegar de viagem, no dia 3 de janeiro."
Humberto Saade, empresário.

- "É claro que vou ver a morte dessa desgraçada. Esperei o ano inteiro por isso. Alem do mais, aqui em casa a ceia de Natal é sempre mais tarde mesmo. O máximo que pode acontecer é a gente levar uns bolinhos de bacalhau para a frente da TV. Depois da novela a ceia vai até descer melhor. Vamos comer de alma lavada".
Sueli Giardini, moradora da Penha.

- "Vou passar o Natal em São Paulo, com a minha família. Se verei o capítulo? Acho que sim, mas não posso garantir. Afinal nem sempre da para ver todos os capítulos, não é verdade? Mas acho que vou assistir, sim".
Carlos Alberto Riccelli, o César de "Vale tudo".

- "Bem que tenho vontade de ver o capítulo, mas o pessoal aqui de casa sempre reservou a noite de Natal para colocar as conversas em dia e reunir a família. Afinal, é uma das poucas vezes do ano que todo mundo se reúne. De qualquer forma, talvez eu dê uma ou duas escapadinhas. Se der sorte, pego a Odete morrendo".
Roberta Cardoso, de Copacabana

- "É só isso que você quer saber? Bom, recebi vários convites para passar o Natal na casa de amigos. Mas acho que vou acabar ficando em casa mesmo. Natal para mim é um dia igual aos outros, não costumo comemorar de maneira especial. Se ficar em casa, é quase certo que assista à novela".
Aguinaldo Silva, um dos autores da novela.

- "Entre filhos e netos, mais menos dez pessoas vão passar o Natal aqui em casa. Vou preparar uma ceia gostosa, com bacalhau e arroz de polvo, mas, na hora da novela, vai todo mundo correr para a frente da TV com prato na mão e tudo. Vai ter gente sentada no sofá, em almofadas, no chão, em tudo quanto é lugar. Ninguém quer perder a morte da Odete."
Palmira Tavares, 72, dona de casa da Tijuca.

- "É lógico que vou ver a novela. Editei ontem a cena da morte e, como vou passar o Natal no Rio, minha presença na frente da telinha é garantida. Não ia perder isso de jeito nenhum. Também estou curioso para saber quem matou Odete Roitmann".
Dênis Carvalho, diretor de "Vale tudo".

- "A televisão vai ficar ligada com o som baixo para não atrapalhar conversa. Vários amigos vão passar o Natal aqui em casa e é claro que todo mundo quer ver a novela. Mas como o que interessa mesmo é o assassinato, é só prestar a atenção e aumentar o som na hora certa. Depois que a malvada morrer, a gente desliga a televisão e se dedica exclusivamente à festa".
Marta Carvalho, do Grajau.

- "Não gosto de violência e, por isso, não estou motivado para assistir ao capítulo. Para mim a novela acabou no tapa que a Maria de Fátima levou. A novela foi um sucesso, mas agora já estão querendo esticar. Novela deveria ser igual Pelé e saber quando parar".
Marcelo Madureira, da Casseta Popular.


Jornal O Globo
24/12/1988

POR ONDE ANDA RITA MALOT?



A atriz e bailarina Rita Malot interpretou a simpática secretária da Revista Tomorrow, Marieta. 


A atriz hoje está longe dos palcos, mas tem uma história interessantíssima que vai de Sun City a Chorus Line, que revelou Cláudia Raia e chegando a Blas-Fêmeas, sucesso no circuito off na década de 80.

Rita concedeu entrevista a Jean Cândido, editor do blog Vale Tudo, contando um pouco de sua história.

Assista abaixo!




Hoje, às 23:45, o editor do blog, Jean Cândido, baterá um papo pela twitcam com os internautas. Basta acessar pelo @valetudonoviva. Quer saber como foi o último papo? Clique aqui!

Roque Santeiro estreia dia 18 de Julho e o blog já está pronto. Saiba notícias da novela em www.roquesanteiro2011.blogspot.com e siga o twitter @rsanteiroviva

Quer dar seu depoimento para o blog sobre sua paixão por Vale Tudo? Envie por escrito ou até em vídeo para o e-mail valetudonoviva@hotmail.com. Já estamos recebendo material e publicaremos no blog!





Está acompanhando as notícias do blog sobre a morte de Odete Roitman? Não perca as cenas que vão ao ar nesta terça-feira. Se perdeu o capítulo 191 exibido nesta segunda-feira assista abaixo.

A REDENÇÃO DO BRASIL


A grande vilã (da TV) morre hoje. Antes da ceia

Vale tudo. O que todo o país esperava, finalmente vai acontecer: a maior vilã da história do folhetim eletrônico, Odete Roitman (Beatriz Segall), partirá desta pra melhor com três tiros fulminantes, disparados por um revólver ainda sem dono. Ela deveria ter sido eliminada ontem, mas como boa perua, resolveu morrer de véspera. E que véspera melhor do que a de Natal? Com o cadáver de Odete estirado na sala de jantar, os brasileiros poderão enfim se dedicar à ceia natalina - reprodução cristã da Santa Ceia de Jesus com seus apóstolos - e terão assunto para encarar a madrugada inteira.

Afinal, é um capítulo de conjecturas: todos os personagens desfilam seus suspeitos. E curioso que num país onde poucos crimes são solucionados - basta lembrar que hoje faz um ano que o diretor de teatro Luiz Antônio Martinez Corrêa foi barbaramente assassinado sem que o criminoso tenha sido identificado judicialmente - o esporte nacional passe a ser "quem matou Odete Roitman". Como na ficção vale tudo, a espera será pequena: dia 6 de janeiro, o brilhante delegado Arnaldo nos dará a resposta.

É verdade que no vale-tudo da vida real, a inflação prosseguirá galopante, as ruas permanecerão esburacadas, as câmaras municipais continuarão repletas de vereadores cheios de assessores, o futebol seguirá um antro de politicagem. Mas nem tudo está perdido. A Vale tudo da ficção nos redime, embora o capítulo de hoje seja mais morno que peru requentado no dia 25. Ele trata apenas das repercussões e do drama de consciência que se instala na cabeça dos inimigos de Odete: todos, agora, descobrem que ela não era tão má assim.

Todas as pesquisas de opinião realizadas até hoje demonstram que a imensa maioria do povo brasileiro quer a cabeça de Odete, incluindo a própria atriz que interpreta o personagem. No Natal da crise, este é o único presente capaz de elevar o ânimo dos videomaníacos: logo após o Jornal Nacional, a mulher que foi capaz de envenenar a maionese da firma de Raquel, incriminar a própria filha como homicida culposa do irmão Leonardo, induzir Ivan (Antônio Fagundes) a enveredar pelo caminho da corrupção e não pagar a URP dos seus funcionários será eliminada fisicamente.

Nada sutilmente, os autores (Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Basseres) já arrolaram os principais suspeitos: Marco Aurélio, Cézar e Maria de Fátima, cada um com um motivo afetivo/financeiro diferente. Raquel, Ivan, Afonso (Cassio Gabus Mendes), Heleninha e Bartolomeu (Cláudio Corrêia e Castro), entretanto, não podem ser descartados (afinal, quem manda é o marketing e não a lógica da narrativa). Feliz Natal, espectadores.

Jornal do Brasil 
24/12/1988 


Hoje, às 23:45, bate-papo com o editor do blog, Jean Cândido pela twitcam. Para participar, acesse o twitter @valetudonoviva 

segunda-feira, 27 de junho de 2011

RUTE DECIDE REVELAR O SEGREDO DE ODETE


Raquel (Regina Duarte), Ivan (Antônio Fagundes) e Gildo (Fernando Almeida) foram atrás de Rute (Zilka Salaberry) que está no Brasil para o aniversário de seu afilhado. Mas o que parecia ser difícil pode ficar ainda pior. 

A ex-cozinheira está em outro lugar e um erro pode ser fatal, já que Rute pode ir embora a qualquer momento. 

A busca é dramática. O aniversário está sendo comemorado em uma lanchonete de Madureira. Gildo conhece a região, mas são muitos lugares para se procurar. Quando Raquel está quase desistindo, ouve-se um Parabéns Pra Você. 

A mãe de Fátima (Glória Pires) não pensa duas vezes antes de agarrar o braço de Rute e perguntar se ela vai ou não ajudá-la.

Enquanto isso, Odete está pronta para a reunião onde reassumirá a presidência da TCA, na presença dos filhos e de Marco Aurélio (Reginaldo Faria). Quando todos estão prontos para o início do anúncio, Raquel entra com Rute na sala pronta para revelar o segredo guardado há tantos anos.



Não perca essas cenas emocionantes em Vale Tudo!

FÁTIMA PERTO DE ENCONTRAR O DOSSIÊ CONTRA IVAN

Enquanto Raquel está firme em sua tentativa de desmascarar Odete, Fátima decide ajudar sua mãe de alguma forma para limpar a própria barra e provar que mudou. Poliana (Pedro Paulo Rangel) conta a história do dossiê e a moça já sabe a quem pedir ajuda. César (Carlos Alberto Riccelli) revela à amante que viu tais documentos no barco que ganhou de Odete e Fátima exige que eles procurem no local. Será que o dossiê continua no barco?



Acompanhe pelo blog os últimos momentos de Odete Roitman com a postagem de diversas matérias sobre o assunto publicadas na época. 

Amanhã, participe de um bate papo pela twitcam com Jean Cândido, editor do blog Vale Tudo. Será às 23:45 pelo twitter @valetudonoviva.

O CRIME DO ANO

A morte de Odete Roitman vai ao ar amanhã

Os tiros foram dados por uma pessoa que estava dentro do apartamento. Perfuraram a porta de vidro que separa a sala do corredor - e que ela abria naquele exato momento - e se alojaram entre seu peito e abdômen. O impacto fez com que se encostasse na parede do corredor. O corpo foi deslizando até que, praticamente sentada, morreu. Chamados pelo porteiro do prédio - que, avisado por uma vizinha que ouviu os estampidos, arrombou a porta do apartamento -, no Leme, os policiais e peritos constataram as três perfurações e o delegado, afastando qualquer sus peita de suicídio, anunciou, tenso, o assassinato. Com a blusa de seda verde-claro encharcada de sangue, a proprietária da empresa de aviação TCA, Odete Roitman, faz assim sua última aparição na novela "Vale Tudo", da TV Globo. A última tomada de seu rosto, porém, ainda é mais dramática: através do zíper de um saco plástico negro, apropriado para envolver o corpo, fechado abruptamente.


Com a morte gravada terça-feira passada - mas que só vai ao ar no dia 23 -, resta agora a chave do drama: afinal, quem matou Odete Roitman? O mistério criado em torno do assassino da proprietária da TCA é a grande mola de excitação dos últimos momentos da novela - e não só do público, como do próprio elenco. A cena dos tiros ainda não foi programada e, segundo a produtora de arte da novela, Cristina Médici, não será nem mesmo na próxima semana. Ou seja, a dúvida continua no ar.

Enquanto isto, para ontem à noite, numa externa no Leme, estava prevista a tomada de um César espantado, no meio da multidão, observando toda a movimentação de carros policiais diante do prédio de Odete. A gravação de sua morte foi "difícil, demorada e elaborada", já que foram necessários dois tipos de efeitos especiais, conta Cristina Médici:

- Na própria Odete e no vidro da porta. Para representar Odete, Beatriz Segall colocou um colete com três saquinhos que continham pólvora e sangue, liga dos a uma maquineta elétrica. Com o estampido, uma linha estoura, dando o efeito do rasgão na roupa e saindo pólvora e sangue. Já no vidro são os três furos, pois os tiros passam por, ele para atingir Odete.

O clima tenso do enredo invadiu o estúdio e perdurou pelo longo período de gravação toda uma tarde, "para que todos os detalhes fossem bem realizados", observa a produtora de arte. Para a cena da morte foram feitas quatro roupas iguais - além da blusa de seda, uma saia preta pregueada ''para o caso de necessidade", diz Cristina, alegando que foram proibidas fotos do assassinato no momento da gravação. Só não explicou o que fazia na própria cena o fotógrafo que acompanhava o perito que examinou o corpo de Odete Roitman.

Por Isabel Cristina Mauad
Jornal O Globo
19/12/1988

sábado, 25 de junho de 2011

DÉBORA FALABELLA, A SOLANGE DUPRAT DE 2011


Solange Duprat é a personagem de Lídia Brondi mais forte no imaginário do telespectador brasileiro. A jornalista, produtora de fotografia da revista Tomorrow é o símbolo da mulher moderna que despontava na década de 80, assumindo sua carreira e até encarando o desejo de ser mãe independente. 

Apesar de toda essa força, Solange é uma mulher romântica e apaixonada, de um coração enorme e por este mesmo motivo foi traída pela amiga Maria de Fátima (Glória Pires). 

Na opinião dos leitores, se houvesse um remake de Vale Tudo, Débora Falabella, com 64% dos votos, seria a nova Solange Duprat.

Com 16%, Alinne Moraes ficou em segundo lugar na opinião dos leitores. Já Nathália Dill, que atualmente está no ar com a novela Cordel Encantado (Duca Rachid, Thelma Guedes) tem 15% de aprovação. 

Paloma Bernardi, a Alice de Insensato Coração (Gilberto Braga) teve apenas 3% de votos. 

E você? Concorda com a opinião dos leitores? Comente este resultado.

A semana será intensa em Vale Tudo e o blog vai acompanhar isso. Entrando em seus últimos capítulos, o blog abrirá a sessão Por Onde Anda com uma entrevista feita com a atriz Rita Malot que interpretou a secretária Marieta. Continuaremos a postar matérias relevantes da época em que a novela foi exibida. Continue acompanhando o blog!

Assista o Capítulo 190 exibido nesta sexta-feira.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

ODETE DECIDE REASSUMIR SUA POSIÇÃO NA TCA


Odete (Beatriz Segall) flagrou César (Carlos Alberto Riccelli) tentando fugir com Fátima (Glória Pires) para Zurich. Mesmo diante das desculpas do gigolô, a vilã não aceita explicações e rompe com o ex-modelo.

Enquanto César tenta encontrar uma forma de resgatar os 500 mil dólares em seu nome que estão na Suíça, Odete decide retomar sua posição na família. Entretanto ninguém quer dar uma segunda chance a ela, exceto Helena (Renata Sorrah) que estará ao lado da mãe o tempo todo em sua decisão de reassumir a presidência da TCA.

Odete também começa a desconfiar da idoneidade de Marco Aurélio (Reginaldo Faria), mas o executivo se esquiva. Enquanto isso, Raquel (Regina Duarte) vai atrás de Rute (Zilka Salaberry) novamente. A ex-empregada da casa de Heleninha e Marco Aurélio sabe um terrível segredo que pode destruir a vida da toda poderosa Almeida Roitman.

Não perca essas cenas das emoções finais de Vale Tudo!

Continue votando em nossa enquete!

Assista o Capítulo 189 exibido nesta quinta-feira

quinta-feira, 23 de junho de 2011

quarta-feira, 22 de junho de 2011

FÁTIMA DESCOBRE CASO DE ODETE E CÉSAR



Fátima (Glória Pires) vive pedindo para Olavo (Paulo Reis) lhe dizer onde está César (Carlos Alberto Riccelli), mas o fotógrafo prefere não se meter na história.

A ex-Almeida Roitman, que agora trabalha numa galeria graças à sua amiga Leila (Cássia Kiss), está tentando encontrar um novo marido rico, mesmo que este marido já seja casado. No capítulo desta quarta-feira, Fátima tentará convencer Marco Aurélio (Reginaldo Faria) que seria melhor esposa do que sua amiga. 

Mesmo investindo pesado em outros homens, a moça não esquece o amante com quem viveu durante dois anos. 

Mas o destino parece mesmo estar a favor de Fátima, pelo menos nesse caso. É que por um problema com o boy da galeria, a moça decide pessoalmente entregar umas gravuras compradas por alguém que está num barco vizinho ao de Odete (Beatriz Segall).

Quando já está indo embora, a filha de Raquel (Regina Duarte) mal pode acreditar no que vê: César e Odete se beijando.

Não perca as últimas semanas de Vale Tudo!


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Assista o Capítulo 187 exibido nesta terça-feira

terça-feira, 21 de junho de 2011

FÁTIMA E MARCO AURÉLIO TRAEM LEILA



Leila (Cássia Kiss) estendeu sua mão à Fátima (Glória Pires) sem imaginar que a ex-Almeida Roitman está de olho em seu marido. E Marco Aurélio (Reginaldo Faria), que nunca foi santo, retribui as cantadas da moça.

Pois a oportunidade de ouro surge quando uma tia idosa de Marco Aurélio sofre um tombo e o sobrinho não quer saber de visitá-la. A bondosa Leila pega seu filho e decide subir para Itaipava e ver tia Rosinha.

Tudo seria tranquilo se Leila não tomasse a decisão de permanecer em Itaipava deixando o caminho livre para Fátima. À noite, com o apartamento vazio, ela dá seu bote e Marco Aurélio não resiste.

As consequências desta traição podem ser chamadas de "efeito borboleta" e muitos pagarão por um erro dos dois amantes.

Não perca essas cenas nesta terça-feira em Vale Tudo.

E se Vale Tudo tivesse um remake em 2011? Já sabemos que os leitores do blog votam em Suzana Vieira para interpretar Odete Roitman, mas e a jornalista Solange Duprat? Listamos quatro possíveis atrizes e queremos sua opinião na enquete da semana. Vote!

Assista o Capítulo 186 exibido nesta segunda-feira

segunda-feira, 20 de junho de 2011

RAQUEL PEDE A ALDEÍDE PARA DIZER QUE ADOTOU RAFAEL


Daniela (Paula Lavigne) voltou do interior de Minas com Rafael (Stephanie Musskoph), neto de Raquel (Regina Duarte), mas todo cuidado é pouco para proteger o bebê de Fátima (Glória Pires) que vendeu a criança para um casal de estrangeiros.

Todos pensam na melhor maneira de esconder Rafael de sua mãe e a avó inventa uma história. Para todos os efeitos, Aldeíde adotou o bebê porque uma amiga muito pobre do interior de Minas não tinha condições de criar. 

Para a história ter bastante veracidade, até Lucimar  (Maria Gladys) tem que acreditar nessa história. E Daniela já põe o plano em ação ao dizer em sua casa a história para os tios e para André (Marcelo Novaes). E como no Catete qualquer história vira rastilho de pólvora, Jarbas (Stephan Nercessian) conta o fato até na casa de Celina (Nathália Timberg). Será que vai colar?

Não perca essas cenas nesta segunda-feira em Vale Tudo.

IVAN INVADE APARTAMENTO DE CÉSAR E ODETE

Disposto a encontrar o dossiê que contém provas que o incriminam, Ivan (Antônio Fagundes) espera o momento em que Odete (Beatriz Segall) saia do apartamento onde está vivendo com César (Carlos Alberto Riccelli) e o invade. Como o gigolô não "transa violência", será fácil para o ex-executivo da TCA realizar sua busca. Será que Ivan encontrará seu dossiê?


O segredo de Consuelo foi revelado. A secretária aprontou no último baile do Theatro Municipal. Saiba mais sobre o evento de gala que aconteceu durante 40 anos no Rio de Janeiro em Além da Novela.






Está cada vez mais próximo o dia da estreia de Roque Santeiro. Acesse o blog www.roquesanteiro2011.blogspot.com e siga o twitter @rsanteiroviva para saber notícias sobre a novela que estreia no Canal Viva em 18 de Julho.


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Assista o teaser do Canal Viva da semana de Vale Tudo

ALÉM DA NOVELA - A MALVADA QUE ROUBOU A CENA

Beatriz Segall despede-se de Odete Roitman brilhando muito mais que a namoradinha do Brasil

A onipotência eletrônica está com seus dias contados: a milionária Odete Roitman, capaz realmente de tudo, vai morrer assassinada com três tiros na próxima sexta-feira. Vai ser o presente de Natal dos novelistas Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères (cada um é responsável por um dos tiros) para os milhões de espectadores que, há oito meses, vêm transformando a telenovela Vale Tudo, atração das noites de segunda a sábado na Rede Globo, no programa de maior audiência do país. Odete é tão má, mas tão má que em seus últimos dias não tem recebido a indulgência nem mesmo de sua criadora, a atriz Beatriz Segall. "Ela é uma grossa", dispara a atriz de 55 anos, a primeira a destruir o mito da burguesa refinada e malvada de seu personagem. Nora do requintado pintor Lazar Segall — ela estudou na Europa e utiliza um português no qual não cabem gírias —, Beatriz sabe muito bem que Odete nunca teve berço, mas um "vernizinho" superficial. "Ela é artificial em tudo, até na distinção. A começar pelos namorados. Escolhe a dedo os gigolôs de pior nível possível." A atriz, porém, não considera Odete Roitman o cúmulo da atrocidade."Ela é fichinha perto dos empresários e políticos da vida real." Beatriz imagina até quais seriam os amigos de Odete se esta existisse de verdade: Paulo Maluf, o ministro Antônio Carlos Magalhães, os empresários Mário Garnero e Mathias Machline e os latifundiários da UDR. "Ela seria amiga também daquele português, o José Lourenço (deputado do PFL), mas nunca o convidaria para jantar em sua casa."

Mas o que deu em Beatriz para criticar a personagem que mais fascina, no momento, o Brasil? Ficou esnobe como Odete Roitman? Jamais. Beatriz é petista desde a fundação do Partido dos Trabalhadores, amargou duras penas quando o ex-marido, o economista Maurício Segall, foi preso e torturado pela ditadura militar e pode ser encontrada num pé sujo tomando um cafezinho — três situações impensáveis na vida de Odete.

Sua modéstia não a deixa admitir que é uma leitora sofisticadíssima, de autores conhecidos apenas por dois ou três brasileiros eruditos. "Ai, meu Deus, só porque falei uma vez em Alejo Carpentier, o maior escritor, para mim, da América Latina, vão me chamar de intelectual? Por favor, me ajude a destruir este rótulo. Gosto de Thomas Mann, Machado de Assis, Eça de Queiroz, Balzac, ou seja, os clássicos." Um de seus irmãos — é assim que ela se refere aos amigos do peito —, o autor teatral Flávio Marinho, sabe, no entanto, que a amiga devora turminhas de poetas e romancistas desconhecidos de séculos e séculos atrás. "Não, não. O que sou é uma leitora compulsiva. Nos jornais, por exemplo, leio os artigos de quem concorda comigo. Gosto, portanto, de Fernando Pedreira, de Moacyr Werneck de Castro, de Jânio de Freitas, de Ricardo Noblat e, até há pouco, dos artigos de Hélio Pellegrino."

Beatriz vive entre o casarão que foi do sogro Lazar Segall, no bairro paulista de Vila Mariana (ao lado do Museu Lazar Segall), e a cobertura no 14° andar de um edifício da Rua Barão da Torre, na carioca Ipanema. "A construtora deve ter feito uma mutreta para construir um prédio tão alto aqui", diz na varanda com vista para a praia e para a Lagoa Rodrigo de Freitas. Nega até o hábito de freqüentar restaurantes requintados. "Nem vou a estes lugares. Gosto é de comida de qualidade."

Ela se considera preguiçosa e comodista. Mas assim que terminarem as gravações da novela, vai começar os ensaios de Lilian, uma peça sobre a escritora americana Lilian Hellman que estréia em março no Teatro Cândido Mendes, sob a direção de José Possi Neto. E encontra apenas dois pontos de identidade com Odete Roitman: a paixão por Paris e o horror à falta de educação do brasileiro que desrespeita o trânsito ou fala alto em restaurantes.

Por incrível que pareça, Beatriz Segall, mãe, como Odete, de três filhos — o cineasta Sérgio Toledo, 32 anos; o artista plástico Paulo, 24, e o arquiteto Mário, de 29, que mora em Londres com o único netinho Pedro —, define a personagem da novela como uma mãe dedicada e bastante preocupada com os filhos. "Não digo que ela seja boa, mas ela se preocupa muito com Afonso (Cássio Gabus Mendes) e com Heleninha (Renata Sorrah). A psicanálise criou este mito de que a mãe é responsável pelo que os filhos são. E a individualidade deles? Por que Afonso se deixa esmagar e Heleninha foge para o álcool? Ora, se a mãe é prepotente, eles que saiam de casa." Beatriz comenta que seus três filhos, por exemplo, jamais permitiriam que ela fosse prepotente. "Eu tenho três pais. Dou sempre satisfação aos três." Na busca de possíveis identificações entre Odete e Beatriz, os filhos Sérgio e Paulo não vêem mais do que dois pontos em comum. Um deles está no campo da tomada de decisões: as duas não vacilam. "Claro que a Odete opta sempre pelo mal; ao contrário da nossa mãe", disse Sérgio ao repórter Apoenan Rodrigues da sucursal paulista do JORNAL DO BRASIL. "Aliás, caráter é o que não falta a ela", endossou Paulo. O outro terreno de perfeita identificação é o gosto pelo lado prazeroso da vida. "Mamãe gosta de cozinhar, de viajar", lembrou Paulo. "E, principalmente, é muito vaidosa", completou Sérgio.

O público não tem se importado com as maldades de Odete, porque, segundo Beatriz, está fascinado por sua onipotência. "Maria de Fátima (Glória Pires) é também vilã, mas apenas sonha com o poder. Odete chegou lá. As pessoas querem ser Odete Roitman, embora se revoltem com suas atrocidades."

Será que é por isso que, ao contrário do que se pensa que acontece com atores que interpretam vilões na TV, Beatriz só recebe sorrisos e elogios nas ruas? "Não acredito que um ator tenha levado guardachuvada na rua por causa de um personagem". "Antigamente, o ator se vangloriava disso, porque a confusão do público traduzia um trabalho convincente. Discordo. Hoje o público sabe muito bem separar o ator do personagem. Quando me chamam de Odete na rua, por exemplo, nem dou ouvidos. Só atendo por Beatriz." A única vez em que a atriz ouviu um desaforo foi quando interpretava a também refinada e malvada Lourdes Mesquita, de Água Viva. "Eu contava para uma amiga justamente que não sofria hostilidades quando um vendedor de bilhetes de loteria gritou que quem fazia papel de má era má mesmo. Ele me chamou de peste e fiquei com a cara no chão."

Para Beatriz, ainda há outra explicação para a boa reação do público. Num país de "corruptos sem ética, da lei do Gérson, da corrida atrás do poder para uso em proveito próprio, do jeitinho brasileiro", o vilão virou um anti-herói. A transformação não poderia passar despercebida pelo mercado publicitário. Já vai longe o tempo em que o ator José Lewgoy perdeu um contrato para estrelar um comercial de TV ao ser descoberto que era ele o assassino de Miguel Fragonard em Água Viva. Odete está nas rádios vendendo uma revista de lojas comerciais e já recusou dois anúncios para TV. "Um era de um produto que não gostei. Outro era de bebida. E cigarro e bebida não anuncio. Nem me deixo fotografar fumando ou bebendo. É claro que tomo o meu uisquinho, mas não faço proselitismo", diz Beatriz.

Basta dizer que a Caixa Econômica Federal contratou a ladra maior do país, Maria de Fátima, na pele de Glória Pires, para anunciar sua extração lotérica de Natal. Os autores da idéia, o diretor de criação da agência MPM, Fábio Siqueira, e os publicitários Adeir Rampazo e Wanderley Doro, descobriram o carisma da vilã numa pesquisa que elogia Glória Pires como a atriz mais popular do momento. "Eu pensei que depois de Roque Santeiro nunca mais uma novela mobilizaria tanto o país. Mas Vale Tudo é um marco", diz Fábio. Glória Pires tampouco é agredida pelo público por suas maldades. "O público evoluiu. Eu estava em Goiânia esta semana, quando um sapateiro bem humilde me disse que não tinha raiva da Fátima porque era tudo novela", conta Glória. O publicitário Washington Olivetto concorda com a tese de Beatriz Segall de que, num país de tantos vilões, estes se transformam em anti-heróis. "Há ainda os vilões que favorecem uma virada crítica a certos produtos. O produto transforma o bandido em mocinho. E ganha por isso um valor incrível. E o caso da Loteria da Caixa que fez a Maria de Fátima fazer papel de boazinha, ganhar dinheiro honestamente".

Vilã ou não, o sucesso de Odete Roitman deve muito à irrepreensível atuação de Beatriz Segall. A única crítica que se costuma fazer à atriz é a de que sua elegância natural facilita a composição de mulheres burguesas. "O que é fácil, para mim, é interpretar um bom texto", rebate. Um dos bons textos é certamente o de Gilberto Braga, o escritor que levou a atriz de teatro para viver na TV a refinada e malvada Celina de Dancin'Days. A última personagem pobre, brega e baixo astral que Beatriz interpretou foi a mãe de Carmem, na novela Carmen, ano passado, na Rede Manchete. "Foi uma proposta tentadora de renovação da TV, mas quanto ao desenrolar, gostaria de não falar".


Ela não fala também quem matou Odete Roitman. Ricardo Waddington, o diretor da novela, avisa que o assassino só será descoberto no dia da exibição do último capítulo — 6 de janeiro. Beatriz considera a curiosidade "uma morbidez natural de nosso tempo" e se mantém totalmente muda. "Estou à disposição da Globo até para gravar o crime ao vivo, no momento em que o capítulo for ao ar". Resta o consolo de, até lá, conviver diariamente com uma das melhores atrizes do país. Isto já não é mais segredo para ninguém.

AS MALDADES DE ODETE ROITMAN - Durante o tempo em que ficou no ar, Odete Roitman produziu um manual de perversidades. Abaixo, escolhidas pela autora Leonor Bassères, 10 das maiores maldades da personagem:

- Odete envenenou a maionese da empresa de Raquel (Regina Duarte) para prejudicá-la comercialmente sem se importar com a morte de inúmeras pessoas. Ela disse que dois ou três desdentados não fariam falta a ninguém.
- Incriminou a própria filha, Heleninha (Renata Sorrah), por homicídio culposo do irmão Leonardo, quando ela mesma era a responsável pelo acidente de carro que o matou.
- Usou o seu poder de grande anunciante para tentar forçar a demissão de Solange (Lídia Brondi) da revista Tomorrow.
- Forjou um exame de esterilidade para livrar Afonso de uma possível paternidade indesejada.
- Empurrou a vigarista Maria de Fátima (Glória Pires) para um casamento com o filho só para vê-lo morando em Paris.
- Fez um pacto com Maria de Fátima para separar Ivan (Antônio Fagundes) de Raquel.
- Comprou um marido para a filha Heleninha.
- Induziu Ivan a fazer um suborno e chantageou Raquel com ameaça de colocá-lo na cadeia pelo crime.
- Participou de uma negociata eleitoral em Póvoas exigindo 51% das ações do negócio imobiliário que Marco Aurélio (Reginaldo Faria) armou com o candidato a prefeito do lugar.
- Maltrata todos os seus empregados, aos quais se recusa a pagar a URP garantida por lei.

Por Apoenan Rodrigues e Marcia Cezimbra
Jornal do Brasil
18/12/1988