sábado, 16 de julho de 2011

EDITORIAL - VALEU TUDO

Jean Cândido Brasileiro
Foto: Roberta Dittz

Quando foi anunciada a reprise de Vale Tudo no Canal Viva lembro-me que eu e alguns amigos comemoramos muito, afinal, só quem nunca ouviu falar da novela é que não sabe de sua importância para a teledramaturgia brasileira. 

Por volta do capítulo 80, no auge da animação pela novela, percebi que não havia nada na internet à altura do que foi Vale Tudo. No site do canal Viva, a referência era apenas como parte da programação, mas houve uma época em que telenovela recebia muita análise. Jornais e revistas tinham jornalistas que falavam da obra como obra e não apenas como parte de um artigo de fofocas. E fui pesquisar. E como encontrei material! Não só sobre Vale Tudo, mas também sobre outras telenovelas.

Foi quando decidi fazer o blog e, sinceramente, não imaginei que a repercussão seria tão grande e tão feliz. Conheci pessoas ótimas nesse período, leitores, amigos, artistas... As pessoas não imaginam como existem profissionais e pesquisadores de telenovela no Brasil. E mais uma vez eu tive a certeza que teledramaturgia é um gênero importante do áudio visual. Quem disser o contrário não passa de ignorante e preconceituoso. 

De Vale Tudo fui pra VAMP e agora Roque Santeiro e com isso foram aparecendo colaboradores dispostos a fazer parte de um projeto: Bruno Machado, um ex-colega de faculdade com quem nunca troquei meia frase na época, Rafael Tupinambá, que conheci em uma situação completa diferente e que se tornou um grande apoio, Júlio César Martins e Eduardo Nassife, dois amigos fãs da novela que se juntaram com suas opiniões e excelentes contribuições e até a jornalista Cássia Ferreira Andrade que escreveu algumas postagens excelentes para o Além da Novela.

Considero esta seção o diferencial do blog. Porque poderíamos apenas ser mais um blog que publica os capítulos, mas eu quis ir além. Queria falar sobre as referências utilizadas na novela, queria compartilhar matérias da época, brincar com a história e acho que cumprimos a proposta. 

Eu só tenho que agradecer. Agradecer aos amigos, aos jornalistas que deram destaque ao blog em seus jornais, em especial ao Correio Braziliense / Diários Associados, aos leitores internautas que participaram das twitcams, que comentaram postagens, que seguiram o twitter e fizeram essa brincadeira valer tudo.

Valeu!

Por Jean Cândido Brasileiro


Leia na última postagem de Além da Novela, trecho do livro O Circo Eletrônico de Daniel Filho, seu depoimento sobre a criação de Vale Tudo.


Quer começar a assistir Vale Tudo do início? Vá aos arquivos do blog e comece tudo outra vez.


Nesta segunda, estreia Roque Santeiro, à 00:15. Saiba tudo sobre a novela no blog www.roquesanteiro2011.blogspot.com


ÚLTIMA ENQUETE

Os leitores escolheram que atores interpretariam o casal Raquel Acioli e Ivan Meireles numa versão 2011 de Vale Tudo.
Glória Pires (63% dos votos) e Alexandre Borges (74%) fariam o papel juntos. 
Em segundo lugar viriam Lília Cabral (26%) e Leopoldo Pacheco (12%)
Em seguida, Regina Braga (5%) e Alexandre Nero (10%) e por fim, o casal com menos afinidade com os papéis, segundo os leitores viriam Gisele Fróes (4%) e Leonardo Medeiros (3%)

ALÉM DA NOVELA - ÚLTIMO CAPÍTULO DE 'VALE TUDO' PÁRA O RIO

ÚLTIMO CAPÍTULO DE 'VALE TUDO' PÁRA O RIO

O Rio parou ontem à noite para saber quem matou Odete Roitman. Bares ficaram vazios, restaurantes só receberam reservas de mesas para depois transmissão da novela Vale Tudo e teatros e cinemas queixaram-se do movimento reduzido. O trânsito fluía surpreendentemente bem para uma noite de sexta-feira nas ruas da Zona Sul: havia poucos veículos particulares trafegando.

Quando Leila apareceu ontem na tela da Globo matando Odete Roitman, a atriz Cássia Kiss ganhava certamente o melhor presente pelos 30 anos que completava. Afinal, não é pouca coisa ser a assassina da arquivilã de uma novela que, desde o começo, absorveu todas as atenções do público e da Imprensa. Embora sem querer comentar o final gravado - que, descontadas as especulações, conseguiu ser mantido em sigilo até o momento em que as cenas foram ao ar -, ela saiu do estúdio com uma alegria diferente da dos outros artistas. Toda de branco, e avisando que era seu aniversário, Cássia desabafou:

- Estou exausta.

Depois de terminada a transmissão do último capítulo de Vale Tudo, ela disse o que significou para a atriz ter vivido a personagem que responde à pergunta mais repetida nos últimos dias ("Quem matou Odete Roitman?"):

- Gravei o dia inteiro, e agora fiz questão de assistir junto com os milhões de telespectadores ao capítulo da novela. Trabalhei fazendo o melhor que pude, apesar de que o resultado nem sempre foi o melhor, já que fiz um papel de apoio e muitas vezes tive de tirar leite de pedra. Fora dos personagens de primeira linha, a iluminação nunca é fantástica, os closes nunca são demorados, enfim, nada é ideal. Mas me considero uma tremenda pé quente, porque sempre pego papeis que no começo não dizem muito e depois acabam se revelando, como a Lulu, esposa do Zé das Medalhas em "Roque Santeiro".

Apesar de reconhecer que ser escolhida como a assassina de Odete Roitman foi um grande presente de aniversário - dado pelos três autores, mas que Cássia desconfia ter saído da máquina de escrever do ex-repórter policial Aguinaldo Silva -, ela admitiu não se sentir motivada para nenhum tipo de comemoração:

- Estou ainda tomada pelo sentimento de perda de duas pessoas queridas e maravilhosas que eu conhecia pessoalmente. O Chico Mendes e a Yara Amaral (a atriz faleceu num naufrágio do Bateau Mouche IV no Réveillon de 89) Não sei ainda que tipo de sentimento passa por mim nesse momento, mas eu transmiti todo ele nas gravações. Espero que as pessoas tenham percebido. Tomara que o fim de "Vale tudo", somado a esta realidade tão parecida que a gente está vivendo, bata no coração das pessoas e que isto sirva para começar uma transformação qualquer.

NA PORTA DA TV. GLOBO, A EXPECTATIVA DO PÚBLICO

Desde cedo havia gente na calçada da TV Globo esperando para pedir autógrafos aos artistas de "Vale tudo", que gravaram ontem mesmo as cenas nas quais foi revelado o assassino de Odete Roitman. Por volta de meio-dia, quando no estúdio as gravações já estavam pelo meio, era grande a expectativa dos fãs que aguardavam do lado de fora. Não para descobrir quem matou ou deixou de matar a vilã, mas para saber quem ia sair primeiro e assinar os caderninhos, bloquinhos e as tantas folhas soltas, além de posar para as fotos do álbum de recordações. Para os artistas, que chegaram às 8h e só começaram a sair depois das 14h, o clima no estúdio foi um pouco tenso, mas sobretudo alegre.

- De certa forma, existe aquela tristeza porque tudo acabou, Mas o clima era quase festivo,, porque no fundo essa gravação de hoje foi o resumo de sete meses de muito prazer - opinou Beatriz Segall, com um grande sorriso e até boa disposição para enfrentar a maratona de autógrafos a que foi submetida na porta da TV Globo. 

Oito cenas foram gravadas ontem, duas das quais com a participação da vítima. Segundo Ricardo Waddington - um dos diretores da novela - apenas uma das cinco versões escritas foi gravada. Ele contou que a escolha do assassino surgiu de entendimentos entre Gilberto Braga, Dênis Carvalho, Paulo Ubiratan e Daniel Filho. Para Gilberto Braga, foi o final feliz dentro do final feliz, já que a versão escolhida foi justamente aquela que mais o agradava. E não só a ele: Cássia Kiss - que foi lançada pelo GLOBO no dia 23 de dezembro como a provável assassina - garante que o final agradou a todos:

- Sem dúvida, foi o fecho mais coerente. Era o que cabia melhor, entre todos os que foram escritos. Gostei muito e senti um clima de aprovação geral no estúdio.

Entre os tantos fãs que fizeram a festa ontem na calçada da Globo, se destacavam dois paraguaios de Pedro Juan Caballero, na fronteira com o Brasil, que aproveitaram a passagem pelo Rio para conhecer a TV Globo, cujas imagens chegam com perfeição às suas casas. Alfredo Penha, de 30 anos, e sua irmã Margarita Penha, de 31, queriam ser fotografados com algum dos artistas da novela e levar a foto para provar aos amigos que estiveram mesmo aqui. Não tiveram paciência para esperar até a saída de um deles e se contentaram com um artista de outra novela, Lima Duarte (que estava gravando O Salvador da Pátria, substituta de Vale Tudo). Também não acertaram no prognóstico de que seria Marco Aurélio o assassino de Odete.

UMA NOITE DIFERENTE EM VOLTA DA 'TELINHA' NA CIDADE

Quem matou Odete Roitman? Para saber a resposta a essa pergunta, o grande mistério da novela "Vale Tudo" - finalmente resolvido ontem pelos autores, que escolheram a personagem Leila -, houve quem renunciasse até ao jantar de sexta-feira com namorada ou amigos, a julgar pelo pequeno movimento de alguns restaurantes e casas noturnas. O trânsito na Zona Sul se limitou aos táxis e ônibus na hora da novela.

- Nosso movimento de reservas para hoje, para após a novela, aumentou em uns 60 por cento - disse Pepe Posse, um dos proprietários do restaurante Sobre as Ondas, em Copacabana.

Do outro lado da cidade, na Churrascaria Marlene, na Estrada Intendente Magalhães, em Vila Valqueire, houve queda nas reservas para o horário entre 20h e 22h em cerca de 40 por cento, porque, segundo o Gerente Mário Nogueira, os fregueses, ao fazerem reservas, frisavam que não queriam perder a novela.

Mesmo no Bambino D'Oro, em Botafogo, foram sentidos os efeitos do enigma da morte de Odete Roitman na telinha. O Gerente Francisco Paulo Farias contou que cerca de 15 fregueses, ao fazerem reservas, confessaram que se atrasariam para poder ver a solução do mistério.

CONCURSO RECEBE 3 MILHÕES DE CARTAS

SÃO PAULO - Três milhões. Este foi o número de cartas recebidas até ontem pelo concurso "Quem matou Odete Roitman e qual o caldo da Galinha Azul?", promovido pela Nestlé. Hoje, logo após a reprise do último capítulo de "Vale tudo", será sorteado o prêmio de CZ$ 5 milhões para quem apontou o nome de Leila.

O Diretor da Divisão de Leite e Produtos Culinários da Nestlé, Wilber Marques Antunes, disse que a decisão da empresa, através do Caldo Maggi, de patrocinar o concurso foi importante, para assegurar a evidência do seu produto no mercado.

- A proposta do patrocínio do concurso partiu da Rede Globo. A Norton Publicidade soube da intenção e me trouxe o assunto. Imediatamente aceitamos a sugestão. Os resultados não poderiam ser melhores. O público estava ligado no caso Odete Roitman e associamos ao assunto a marca Maggi/Galinha Azul. Na primeira semana de lançamento do concurso recebemos 300 mil cartas. Foi resultado imediato - disse Wilber Marques Antunes.

Ontem, cerca de 800 mil cartas chegaram a Norton Publicidade, que atende à Nestlé, surpreendendo o Diretor da empresa, Walter Pereira. O mais cotado era o mordomo Eugênio, com 24 por cento das cartas, seguido por Marco Aurélio, com 23 por cento, César, com 7,5 por cento, e Leila, que tinha apenas 6,3 por cento.


Por Débora Dummar
7/1/1989
Jornal O Globo

Assista a reportagem do Fantástico para o Último Capítulo de Vale Tudo




Quando Vale Tudo foi exibida pela primeira vez em 1988 eu tinha apenas cinco anos. Sim, era muito novo, mas como uma boa criança nascida em São Paulo nos anos 80 e moradora de apartamento, a televisão se tornou minha melhor babá. E foi graças à trama de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Basséres, à Bebê a Bordo e Fera Radical, novelas das 19hs e 18hs exibidas na mesma época, que minha paixão pelas telenovelas começou a tomar forma.
Lembro como me chamava à atenção os embates entre Raquel (Regina Duarte) e Maria de Fátima (Glória Pires), e a maneira fria como Odete (Beatriz Segall) tratava seus filhos. Como podia uma filha trair a mãe daquela forma? E porque Odete não demonstrava tanto afeto por Afonso? Reformulando a pergunta 22 anos depois: que amor era esse, tão anunciado pela vilã e capaz de tamanho egoísmo e crueldade, que chega ao seu auge quando seu romance com César (Carlos Alberto Ricceli) vem à tona? “A mulher com quem você ficou casado por quase dois anos saiu lá da cidadezinha dela pra seguir o César, essa criança infeliz a que ela deu a luz é do César. Reconheça, portanto que, ou bem alguma qualidade como homem ele tem, ou bem, quem não tem qualidade nenhuma é você.”...  Para uma criança completamente apaixonada pela mãe aquilo era forte e impactante demais. Deixando de lado a forte ação dramática de Vale Tudo, a novela também me marcou em vários outros aspectos: quem não se apaixonou pelo visual contemporâneo e pelo comportamento decidido da “cherrie” Solange Duprat (Lídia Brondi)? Quem não se emocionou só em ouvir os primeiro acordes de “Faz parte do meu show” embalando o complicado caso de amor de Afonso e Solange? E para deixar essa lembrança com mais ares de nostalgia e mistério, a música era cantada por um ídolo da música brasileira que definhava em rede nacional devido uma doença que ninguém falava direito qual era.
Passados quatro anos, Vale Tudo foi reprisada no Vale a pena ver de novo e, aí sim, posso dizer que eu ASSISTI a novela. Vale Tudo é um desses casos na teledramaturgia em que tudo deu certo: escalação bem feita, elenco enxuto e afinado, direção madura de um jovem e competente Dennis Carvalho, e o principal, um texto inteligente e ágil. Fatos se apresentavam, desenvolviam e chegavam ao seu desfecho, semana após semana, dando ganchos a outros fatos. Isso entrelaçava ainda mais os personagens e evitava as famosas “barrigas”, chegando a um dos maiores clímax da história das telenovelas no país, o famoso “Quem matou Odete Roitman?”. Acima de tudo, a novela “calhou” de ir ao ar bem na época da votação da constituinte. O país precisava de uma boa orientação depois dos anos escuros da ditadura e nesse momento era no mínimo curiosa a pergunta: vale a pena ser honesto no Brasil? A população brasileira dos anos 80 estava completamente desacreditada e pessimista em meio a tantos planos econômicos naufragados e inflação galopante. Já durante a reprise de 1992 que tanto mexeu comigo, ainda assistiria no Jornal Nacional um irmão acusando o outro, que era presidente da república, de ter roubado todo o dinheiro do país e um monte de gente do lado de fora, pintado e gritando! Depois a Juma Marruá fica com o coração da verdadeira mulher do César Ribeiro e, logo em seguida, entrava no ar uma minissérie do mesmo autor de Vale Tudo em que a Fera Radical não sabia se amava ou se brigava com o Afonso. Usando uma música que sei que Gilberto Braga gosta: “Que país é esse?”.
Foi então que o Canal Viva, que já havia me conquistado com suas programação repleta de outros sucessos, nos brinda com mais uma reprise desse fenômeno da TV Brasileira. Sou uma daquelas pessoas que em todas as enquetes ou conversas sempre votava em Vale Tudo como a melhor novela já produzida no país. Senão a melhor, pelo menos uma das cinco melhores. Não menos do que isso. Então, imaginem a minha alegria ao ter de volta os porres de Heleninha (Renata Sorrah), a franja de Lídia Brondi, as grandes tiradas de Odete, a vilã mais mocinha de todos os tempos – Mª de Fátima, a tal música do Cazuza, a música da Tracy Chapman, do George Michel. E mesmo sendo uma reprise em um canal fechado, Vale Tudo voltou a ocupar espaço na mídia e nas conversas, agora com um reforço especial das redes sociais. É só conferir os TT’s do Twitter e as reações dos noveleiros de plantão durante a exibição de um capítulo. Tudo isso levou a novela à liderança isolada do horário na TV fechada.
Estou órfão nesse momento. Gostaria que Vale Tudo fosse o nosso “Chaves”, o nosso “Friends”, exibida e reprisada continuamente. Gosto de Porcina, Lulu e Tânia, mas prefiro Raquel, Leila (Cássia Kiss) e Solange. Sei que a internet e o youtube estão aí para atenderem aos meus desejos. Mas gosto é de novela diária, com uma última cena forte que me faz pensar na trama até o dia seguinte, da sensação de saber que milhões de pessoas estão vendo a mesma coisa que eu e que amanhã todos vão comentar. Novela é uma paixão nacional, assim como carnaval, cerveja e futebol e é por isso que me permito ser passional aqui. Não me venham com remake, porque condições ideais de pressão e temperatura como os alcançados em Vale Tudo é igual raio, não cai duas vezes no mesmo lugar!

Rafael Delfino Tupinambá / Rio de Janeiro



A novela Vale tudo marcou muito minha vida. Eu tinha 12 anos quando a novela passou em 1988. Me lembro dessa época como se fosse ontem, a moda das ombreiras, o corte de cabelo, a saia balonê, as músicas. O momento que o Brasil passava. Em outubro de 88 eu fui com minha família para viver na Espanha por causa da situação política do Brasil e estava desesperada pois ia perder a novela. Não queria ir de jeito nenhum.  Na sala vip do aeroporto  estava passando a novela e me lembro  bem da cena que era a sabotagem contra a Paladar, empresa da Raquel, fiquei frustrada porque não iria ver o desfecho da história. Naquela época não havia internet e pedi desesperadamente que a minha tia me enviasse  cartas toda a semana me contando sobre a novela, ela tirava xerox das revistas e eu esperava ansiosamente para saber o que estava acontecendo. Minha viagem para a Espanha não deu certo e quando meu pai comunicou depois de 3 meses que iríamos voltar, logo pensei: “ Vou poder ver Vale Tudo”. Hoje com 35 anos me lembro de cada detalhe, de como era a minha vida com 12 anos. É um flashback diário. Que saudades.
Renata Salles
São Paulo/SP


É maravilhoso poder ver esse grande sucesso da teledramaturgia brasileira. O que me impressiona é comprovar que o texto do autor Gilberto Braga permanece atual. O Brasil de hoje ainda não mostrou a sua cara. Todos os dias surgem notícias de corrupção, mandos e desmandos, acordões e as mais variadas formas de usurpar os bens do povo brasileiro. A única ressalva, 23 anos depois é a inflação. Esse fantasma que assombrava tanto está adormecido, pelo menos por enquanto. O melhor de tudo isso é me teletransportar para aquela época de forma cosciente. Tinha apenas 03 anos de vida quando a novela foi exibida originalmente e, hoje, acompanhar a trama sentindo cada uma de suas emoções com lucidez é maravilhoso. Melhor ainda é poder interagir através do fantástico mundo da internet e ter a oportunidade de acompanhar o desenrolar da história através do blog. Me sinto em 1988, lendo a revista Contigo! para saber o que vai acontecer no capítulo seguinte. Não tinha TV por assinatura e aderi assim que soube da estreia do Canal Viva. Desde então não perdi um capítulo de Vale Tudo e não deixei de entrar um só dia no blog. É um vício prazeroso. Antes eu só ia para a cama depois do Jô. Hoje, posso dizer que só vou para a cama com a Odete e companhia, mesmo tendo que acordar cedo no dia seguinte. Parabéns aos idealizadores do blog pela iniciativa de nos presentear com um acervo tão rico e contagiante. Espero que os arquivos da novela sejam preservados para podermos matar as saudades sempre que desejarmos. Eu amo Vale Tudo! 

Ronaldo Miranda
Natal-RN

sexta-feira, 15 de julho de 2011

OS FINAIS QUE NÃO FORAM AO AR



Na noite de ontem o público se despediu mais uma vez de Vale Tudo com um gostinho de "queremos de novo". Logo nas primeiras cenas do capítulo, revimos e vimos (e quem nunca viu) como Leila (Cássia Kiss) matou por engano Odete Roitman (Beatriz Segall). Na época, muitos suspeitos agitaram a mente dos telespectadores e para disfarçar a imprensa e não estragar a surpresa, os autores preparam quatro finais diferentes. 

Entre desfechos absurdos e outros nem tanto, quatro personagens deram fim à vida de Odete.

OLAVO (Paulo Reis) - O fotógrafo se deu mal no desfecho da história e poderia ter sido pior. Em uma das versões, Leila segue Marco Aurélio e encontra com Olavo à espera do elevador. O amigo de César sobe e não espera por ela. Enquanto Leila espera novamente o elevador, quando a porta se abre o marido já saiu do apartamento. Odete, que acabou de discutir com o executivo, vai atender a porta pensando que seu algoz voltou para continuar a discussão. Olavo entra e se apresenta como amigo de César. 
Um amigo do César Ribeiro. Ele ia me dar uma parte daqueles 500 mil dólares que você doou pra ele e depois tomou... O César pode ter desistido, mas eu não... Você vai me dar a minha parte. Por bem ou por mal. Para se defender, Odete pega a arma que está no balcão e Olavo a ataca. Na luta, ouvem-se os tiros.

Não precisamos nem dizer que esta versão seria improvável. Odete foi morta a tiros através da porta de vidro. 

QUEIROZ (Paulo Porto) - O dono da revista Tomorrow revela sua paixão por Odete. Nesta versão, o empresário procura Leila para lhe pedir ajuda. Quer que ela o ajude a desmascarar Odete, assim ela estaria grata a ele. Como Lelia não aceita ajudá-lo, ela é sequestrada e levada até o apartamento onde estão a empresária e Marco Aurélio. Depois de revelar seu amor, a vilã o humilha e recebe em troca os três tiros que dão fim à sua vida. Para se defender, o executivo mata Queiroz e some com o corpo.

BRUNO (Danton Mello) - O final mais absurdo. Sabendo que o padrasto pode ser preso porque Odete o denunciará, Bruno rouba a arma da maleta de Marco Aurélio. Quando o executivo está com a vilã, Bruno invade o apartamento com a arma na mão. Ele não vai pra Ilha Grande não! Ninguém chega perto de mim! Um passo em falso e eu fuzilo a bruxa! Eu ouvi as conversas. Peguei a arma na sua pasta... Vim até aqui escondido na mala do seu carro... Essa mulher vai pagar o que ela tem feito de maldade com todo o mundo... Trabalhar, eu? Voltar a ser pobre? 

Odete desobedece as ordens do menino e ele de olhos fechados dá os três tiros.

Um final absurdo, mas transformaria Danton na primeira criança a cometer um assassinato em telenovelas brasileiras.

CÉSAR (Carlos Alberto Riccelli) - Aqui, assim como na versão de Bruno assassino, os autores resolveram tirar sarro. Nesta versão, Leila chega de Itaipava e descobre uma cueca no quarto de Fátima. Mas não é de Marco Aurélio. O texto de Leila é um primor: Mas (essa cueca) não é do Marco Aurélio! Porque ele não usa assim, tão pequenininha... ele inclusive tá meio caído pra ficar assim com metade da bolacha de fora... 

Dayse (Nara Abreu) fica desesperada, diz que Leila não deveria ter voltado de surpresa. Quando a mulher entra em seu quarto pega César e seu marido juntos na cama. Eu tenho nojo! Isso não! Homossexualismo eu tenho nojo! E César responde: Não é homossexualismo não, Leila, é mais brincadeira, safe sex, esfregação, entende?

Marco Aurélio tenta explicar para a mulher e mais pérolas vem em suas falas: Não pode, Leila, você tem que aceitar a evolução do mundo! Hoje em dia você é uma mulher do mundo, nós vamos viajar, você e eu vamos ter 14 milhões de dólares, quer dizer 24 milhões de dólares! Ao que Leila responde: Até o número! Que vergonha, meu Deus do céu! Até o número fatídico... Eu! Casada com um peroba! Minha mãe dizia sempre, peroba. Ela tinha medo que o meu irmão um dia sentasse. E ela falava assim, pederasta eu matava! Pederasta em matava!

Os amantes vão para o apartamento e Marco Aurélio combina a viagem para o exterior com César que quer levar Fátima para que possam viver uma relação a quatro. 

Depois da discussão com Odete, César aparece de surpresa e atira na ex-amante.

Leia em Além da Novela a matéria publicada em 1989, após o último capítulo de Vale Tudo.

Assista o Último Capítulo de Vale Tudo


ALÉM DA NOVELA - IN MEMORIAN

Assistir uma novela como Vale Tudo traz boas recordações e um ar de extrema nostalgia. As saudades de um tempo que muitas pessoas nem viveram são inevitáveis e para quem viveu também. 23 anos se passaram e dos atores que nos encantaram novamente em nove meses de novela, muitos estão em outras obras como Antônio Fagundes, Regina Duarte, Glória Pires e até Beatriz Segall, depois de um longo recesso, pode ser vista em Lara com Z (Tv Globo, Aguinaldo Silva).

Mas alguns desses personagens que tomaram emprestada a vida de pessoas da vida real já não encontram mais os mesmos. No último capítulo de Vale Tudo no Canal Viva, o blog quer prestar uma homenagem a esses artistas que nos deixaram.


CLÁUDIO CORREA E CASTRO (Bartolomeu) - O velho jornalista ainda se manteve ativo por algum tempo na TV. Segundo o Wikipedia, o ator foi um dos recordistas em telenovelas, tendo participado de mais de 40 obras. Cláudio é lembrado por papéis como o Gugu de A Gata Comeu (Ivani Ribeiro, 1985) e o Anjo Gabriel em Deus nos Acuda (Sílvio de Abreu, 1992). Sua primeira participação na TV foi em 1968 na primeira versão de A Muralha (Ivani Ribeiro, Tv Excelsior). O ator sofria de diabetes e hipertensão, passou por dificuldades financeiras e chegou a morar no Retiro dos Artistas. Mesmo assim, em 2003 fez o excelente Banqueiro Klaus de Chocolate com Pimenta (Walcyr Carrasco, Tv Globo) e sua última participação em telenovelas foi em Senhora do Destino (Aguinaldo Silva, 2004). O ator faleceu em 2005 no Rio de Janeiro após uma cirurgia de colocação de ponte de safena.

FÁBIO JUNQUEIRA - Aparece só no início da novela como um pretendente de Leila (Cássia Kiss). O ator paulista, faleceu em 2008 aos 52 anos vítima de um edema cerebral. Fábio era pai do também ator Caio Junqueira e padastro de Jonas Torres que atualmente pode ser visto em Armação Ilimitada e mais velho em VAMP. O ator participou de 23 novelas e seu último trabalho foi em Escrava Isaura (Tiago Santiago, 2004).

FERNANDO ALMEIDA (Gildo) - Sua primeira aparição na TV foi na novela Olhai os Lírios do Campo (Geraldo Vietri, 1980), mas é muito lembrado também pelo Gibi, personagem da novela Livre Para Voar (Walter Negrão, 1984). Participou de 14 novelas, todas pela Rede Globo. Em 2004, foi brutalmente assassinado num ponto de ônibus do bairro Realengo no Rio de Janeiro. O ator teria se desentendido com outras pessoas num baile funk. Sua última participação na TV foi na novela A Padroeira (Walcyr Carrasco, 2001)

IVAN DE ALBUQUERQUE (S. Laudelino) - Importante diretor de teatro brasileiro. Fundou no Rio de Janeiro ao lado de Rubens Correa, o Teatro do Rio (Atual Cacilda Becker). Foi ao lado do parceiro profissional que construiu o Teatro Ipanema no local onde ficava o quintal da antiga residência de Rubens. Nos anos 60 trabalhou como ator no Teatro Oficina sob a batuta de José Celso Martinez Correa. Em suas mãos José Wilker e José de Abreu iniciaram a carreira. O crítico de teatro Yan Michalsky declarou certa vez: Um dos mais completos encenadores brasileiros (…), Ivan de Albuquerque também é um dos que conseguem equilibrar harmoniosamente um artesanato sólido e seguro e uma aguda capacidade de análise de textos com uma generosa abertura para linguagens novas e experimentais.
Faleceu em 2001, aos 69 anos, vítima de câncer no intestino. Sua última participação na TV foi em Zazá (Lauro César Muniz, Tv Globo, 1997)

LOURDES MAYER (D. Pequenina) - Irmã de Zilka Salaberry. Foi atriz, radialista e dubladora. Chamada pelos amigos de Anjo Bom, Lourdes foi estrela da era de ouro do radioteatro, na década de 50. Chefiou o setor de elenco da Tv Educativa. Faleceu em 1998 em decorrência de um efisema pulmonar. Sua última participação na Tv foi em Xica da Silva (Walcyr Carrasco, Tv Manchete, 1996)



PAULO PORTO (Queiroz) - O dono da revista Tomorrow era mineiro de Muriaé. Trabalhou como diretor, roteirista e produtor, foi um dos atores pioneiros do rádio e da televisão. Protagonizou Toda Nudez Será Castigada e O Casamento, da obra de Nelson Rodrigues sob direção de Arnaldo Jabor. Faleceu em 1999, aos 82 anos.



LEONOR BASSÈRES - Escritora de literatura infanto-juvenil, jornalista, crítica literária. Sua parceria com Gilberto Braga começou em 1980 quando foi convidada pelo novelista para transformar em livro a telenovela Água Viva. Depois deste trabalho, voltaram a trabalhar juntos em 1988 com Vale Tudo. A parceria durou por mais cinco novelas e só acabou quando a escritora faleceu em 2003 vítima de câncer no pulmão. Leonor continuou trabalhando em Celebridade mesmo em tratamento e desapareceu antes do fim da novela. A escritora ainda teve uma novela de sua autoria em 1990, Mico Preto e foi co-autora de Ricardo Linhares em Meu Bem Querer (1998).

ZENI PEREIRA (Maria José / Zezé) - A baiana de Salvador é muito lembrada por sua personagem Januária de A Escrava Isaura (Gilberto Braga, 1976). O que poucos sabem é que a grande atriz foi a primeira Tia Nastácia do Sítio do Picapau Amarelo, em 1952, pela Tv Tupi. Zeni ficou renegada a papéis de empregada e escrava nas telenovelas. Sua última participação na TV foi em Pátria Minha (Gilberto Braga, 1993). Faleceu em 2002, no Rio de Janeiro.



ZILKA SALABERRY (Rute) - Grande atriz de telenovelas brasileiras. Obteve grande destaque por sua Sinhana em Irmãos Coragem (Janete Clair, 1972), Donana Medrado, em O Bem-Amado (Dias Gomes) e a Dona Benta do Sítio  do Picapau Amarelo. Depois de uma participação num pequeno papel no Teatro Municipal de Niterói se encantou pela profissão e foi parar na companhia de Procópio Ferreira e depois fez parte da companhia de Dulcina de Morais. Foi a primeira atriz a tirar a roupa numa peça de teatro em 1950. Sua última participação na Tv foi na novela Esperança (Benedito Ruy Barbosa, 2002). Faleceu em 2005.


Por Jean Cândido Brasileiro

quinta-feira, 14 de julho de 2011

EMOÇÕES DO ÚLTIMO CAPÍTULO


IVAN É CONDENADO

Parece que mesmo depois de morta, Odete (Beatriz Segall) conseguiu o que queria. Depois de tantas reviravoltas, Ivan (Antônio Fagundes) será julgado pelo crime de corrupção e condenado a dois anos de prisão, podendo ser solto depois de um ano. As provas que estavam nas mãos de Marco Aurélio (Reginaldo Faria), que a esta altura é dado como culpado pela morte da empresária, são entregues à polícia por seu fiel escudeiro Freitas (João Camargo).
Na cadeia, o executivo pede uma máquina de escrever para relatar suas memórias em um livro chamado Vale Tudo?

SOLANGE E AFONSO: JUNTOS PARA SEMPRE

O amor realmente é muito forte para os casais de Vale Tudo. Se Ivan e Raquel (Regina Duarte) se mantiveram juntos mesmo com todas as armações de Fátima (Glória Pires) e Odete, com Afonso (Cássio Gabus Mendes) e Solange (Lídia Brondi) não poderia ser diferente. Depois que Mário Sérgio (Marcos Palmeira) saiu de cena para assumir uma revista em São Paulo, o novo presidente da TCA não pensa duas vezes antes de procurar o grande amor de sua vida e propor que se casem. Mas ainda falta um detalhe: Afonso não sabe que Marcinha é sua filha.

FÁTIMA E CÉSAR SE DÃO BEM E ELA SE CASA COM PRÍNCIPE ITALIANO

César (Carlos Alberto Riccelli) passou maus bocados desde que recebeu os 50 mil dólares de Marco Aurélio, teve até que pedir carona na Europa. Mas tudo mudou quando o ex-modelo conheceu um príncipe de verdade. E como o nobre pretende concorrer a um cargo político e rondam certos boatos a seu respeito, precisa urgentemente de uma esposa para mostrar à imprensa e aos eleitores. É nesse ensejo que Fátima será apresentada ao Príncipe Giovani (Marcos Manzano) e ao se casar receberá um milhão de dólares por ano. Parece que segundo a lógica da moça, valeu tudo.

Essas e outras emoções você confere no capítulo desta noite de Vale Tudo!

Com o final de Vale Tudo, o blog presta uma homenagem aos artistas que já se foram, mas que fizeram parte de nossas vidas com a tv, o teatro ou o cinema. Leia nosso texto in memorian em Além da Novela.

Hoje, à meia noite, participe da twitcam com Jean Cândido Brasileiro, editor do blog Vale Tudo. Vamos conversar sobre a novela que tirou literalmente nosso sono nos últimos nove meses. Basta seguir o perfil @valetudonoviva.

Conheça o blog Roque Santeiro e saiba as novidades da novela que estreia no Canal Viva nesta segunda-feira, 0:15. www.roquesanteiro2011.blogspot.com




Assista o penúltimo capítulo de Vale Tudo (Cap. 203) exibido nesta quarta-feira


ALÉM DA NOVELA - VALE TUDO O FINAL


A reprise de Vale Tudo se aproxima de seu desfecho, após nove meses de exibição pelo Canal Viva. Pela primeira vez, desde sua estréia em 1988, o espectador pôde conferir a trama na íntegra, com todas as suas vinhetas, efeitos e cenas dos próximos capítutos. O surpreendente e inesperado sucesso de crítica e audiência veio para confirmar o que já se sabia: Vale Tudo é uma trama que representa a alma do brasileiro de uma maneira bastante única e, mesmo  após duas décadas, ainda gera uma forte identificação com o público como nenhuma outra novela fez. O que se espera de um folhetim é sempre uma receita fugaz: ele vem para ditar modismos no período de sua exibição e rapidamente cair no esquecimento após o seu término. Em contrapartida, há o efeito inverso de Vale Tudo na memória televisa: a novela cresceu com o tempo, alcançou um status de clássico, e muitos de seus personagens se tornaram icônicos.

Acredito que o texto de Vale Tudo se tornou representativo não apenas pelo tão falado realismo e a tão comentada crítica social presente em seus diálogos; mas muito também pela construção ambígua de seus personagens. Tomando a amoral Maria de Fátima (Glória Pires) como exemplo,  os autores se preocupam em inserir detalhes aparentemente pequenos que demonstram, ao menos para o espectador mais atento, a sua improvável humanidade. Quando Raquel (Regina Duarte) finalmente encontra a filha fugitiva no apartamento de César (Carlos Alberto Ricceli), Fátima humilha a mãe, a agride fisicamente, a manda retornar para Foz do Iguaçu, e  logo depois entra em um táxi. Dentro do carro, em um choro contido, pede para o taxista parar um pouco e olha para trás em um tom de lamentação. De forma semelhante, após finalmente conseguir separar sua mãe de Ivan (Antônio Fagundes), Fátima não consegue conter o seu sofrimento, estampado em seu rosto em uma bela e brevíssima cena, ao se despedir da mãe e vê-la se mudar para Búzios.

Sutilezas desse tipo surgem nos diversos personagens que polarizam a famosa dicotomia entre o bem e o mal, tornando difícil rotulá-los, por mais que sabemos claramente quem representa cada lado da discussão. Raquel é a grande defensora da honestidade e da integridade; mas não hesita em se tornar amante de um homem casado. Em contrapartida, Odete é uma megera dura e inabalável, mas chora copiosamente ao olhar um retrato de família na casa de Celina, após ser “convidada” a se mudar. De forma semelhante, é difícil não se ver divido por muitas das colocações dos vilões da trama. Recentemente, Fátima dirigiu a seguinte pergunta a sua mãe: “Se esses valores da classe média estivessem certos, você não acha que haveria menos injustiça no mundo”? É o tipo de frase que dificulta responder a perguntar inicial proposta pelos autores de Vale Tudo: “Vale a pena ser honesto no Brasil?”. Afinal, em um gesto de bastante ousadia, a novela não se propõe a facilmente convencer o espectador sobre a supremacia da honestidade, mas problematizar essa questão o máximo possível. E o desfecho claramente demonstra o contrário: a impunidade, a lógica do colarinho branco e o rigor da lei para os mais pobres são fatos irrefutáveis da estrutura social brasileira.

Talvez por esse comprometimento com a dureza da realidade e com a corrupção moral que habita cada um de nós, Vale Tudo permance viva, gerando comentários, ganhando novos admiradores e até conquistando uma nova geração de espectadores. E o Brasil vai continuar, pelo visto por muito tempo, a mostrar a sua cara.


 Por Bruno Machado