Odete (Beatriz Segall) está sempre atenta a tudo o que acontece bem debaixo do seu nariz. Sabe da crise do casamento de Ivan (Antônio Fagundes) e Helena (Renata Sorrah), só não percebeu ainda que seu filho Afonso (Cássio Gabus Mendes) está sendo enganado pela norinha Fátima (Glória Pires). Independente de todos os problemas, o que ela atualmente mais quer é levar Thiago (Fábio Villa Verde) para estudar no exterior. Mas o garoto não quer.
Ela já tentou de tudo: falou primeiro com o rapaz, depois pediu ajuda de Marco Aurélio (Reginaldo Faria) e até conversou com a mãe e o padrasto. Nada adiantou. Será que só Odete acha que estudar no Brasil é perda de tempo? Não é bem assim.
A década de 80 também foi um momento de transição para o ensino superior brasileiro. Acabávamos de sair de uma perversa ditadura militar que durou 20 anos e de uma perseguição maciça à intelectualidade e aos estudantes. O fato de haver tantos brasileiros exilados e pelo momento "estranho", ainda incerto, fez com que houve um boom de brasileiros bem nascidos estudando fora do país.
De fato, só depois de 1994 é que a retração das matrículas no ensino superior voltou a subir por aqui. Alguns teóricos afirmam que um dos problemas das universidades no Brasil estava no conceito. O ensino superior, que já é tardio, começou como um aglomerado de faculdades, não como um espaço "universal de conhecimento".
Odete não era a única a pensar dessa forma. Na década de 90 ainda era extremamente valorizada a formação no exterior. O ensino público ainda hoje enfrenta os resquícios daquele período, com a necessidade de suprir a demanda de cursos e com o desejo de alcançar um patamar nacional nesse quesito, os investimentos não foram o bastante para manter a estrutura. E com isso, a iniciativa privada começou a encontrar espaço.
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