DAS PASSARELAS E DA TV PARA O RESTO DO MUNDO
Para muita gente, a década de 1980 é considerada uma década perdida. No Brasil, bem... no Brasil, não. Só para tentar contextualizar um pouco, foram os anos da redemocratização, das Diretas Já, do rock nacional. Muita coisa ficou marcada. Foram os anos da Xuxa e do Luís Caldas. Das fofoletes, das remarcações de preço e dos planos econômicos. Tempos de exagero, sobretudo no que diz respeito à moda. Se você está na casa dos 30 anos, as ombreiras, as polainas e toda sorte de cores berrantes devem compor uma das faixas dos traumas da infância, além, é claro, das histórias mórbidas envolvendo loiras com algodão no nariz em banheiros de colégio.
Para muita gente, a década de 1980 é considerada uma década perdida. No Brasil, bem... no Brasil, não. Só para tentar contextualizar um pouco, foram os anos da redemocratização, das Diretas Já, do rock nacional. Muita coisa ficou marcada. Foram os anos da Xuxa e do Luís Caldas. Das fofoletes, das remarcações de preço e dos planos econômicos. Tempos de exagero, sobretudo no que diz respeito à moda. Se você está na casa dos 30 anos, as ombreiras, as polainas e toda sorte de cores berrantes devem compor uma das faixas dos traumas da infância, além, é claro, das histórias mórbidas envolvendo loiras com algodão no nariz em banheiros de colégio.
Foi bem nessa época que o Brasil começou a se consolidar no cenário da moda, com o surgimento das primeiras escolas do setor. Só para constar, somos o país com maior número de escolas desse tipo no MUNDO atualmente. Foi a época das modinhas de ginástica e das faixas na cabeça, e há quem acredite que a constituição das roupas ficou mais simples (Para mim é mentira! Usar ombreiras não era tão simples assim).
A novela Vale Tudo, que está sendo reprisada pelo Canal Viva, traz um retrato da moda naquela época. No trabalho, as mulheres usavam tailleurs com ombreiras que torneavam o corpo e davam aos ombros uma aparência forte e alinhada. É só dar uma olhada no visual da personagem de Lídia Brondi. Homens lançavam mão de suspensórios e gravatas coloridas. Eram os yuppies.
Ousadia e individualismo. Outra marca forte foi a ambiguidade. Estampas de onça, cores cítricas, os já citados ombros largos, cabelos assimétricos e acessórios fakes, que conviviam com moletons e cotton-lycra saídos da academia. Um samba do criolo doido.
Desde que a televisão surgiu, os impactos nos telespectadores são estudados. Das famosas meias de lurex, nos tempos de Dancin' Days (1978, também de Gilberto Braga), até hoje, tais impactos podem ser observados. As novelas são um grande retrato da época. Com Vale Tudo não foi diferente. Se estava lá era porque estava nas ruas.
Ou estava nas ruas porque estava na novela? Esse fluxo não é unidirecional. Vale Tudo também aponta em outra direção: a constituição da identidade nacional. Estamos falando de uma geração que viveu os últimos anos da ditadura militar e que tinha o Cazuza como herói, por exemplo. Um camarada burguês, que tinha tudo, mas também tinha uma verve de indignação muito pulsante. Inclusive, a música dele foi escolhida para ser a abertura da novela (leia mais sobre a música "Brasil" aqui).
A moda vive de revisitar tendências do passado, e se a década de 80 tivesse sido mesmo uma década perdida, essas tendências não estariam de volta hoje. Ainda bem que inventaram o minimalismo.
Colaboração:
Cássia Ferreira Andrade - Jornalista
cassia.ferreira.andrade@gmail.com
Cássia Ferreira Andrade - Jornalista
cassia.ferreira.andrade@gmail.com
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